sexta-feira, 22 de maio de 2015


Os cinco lugares mais fantásticos do Brasil



O brasil é um país bonito por natureza, agraciado pela geologia por estar longe das bordas das placas tectônicas, ter um clima agradável, ter solos ricos (com exceção da floresta amazônica) e ser um território de proporções continentais; cerca de 7 515 767 Km².
Somos também um dos países com maior biodiversidade no mundo, temos aproximadamente 60% da gigantesca floresta amazônica, o rio amazonas e o que restou da Mata Atlântica. Mas também temos alguns lugares de tirar o fôlego em algumas partes do nosso território, de Norte a Sul. Vamos conhecê-los?

Pico dedo de Deus, Rio de Janeiro


O dedo de Deus é um cartão postal conhecido do Parque Nacional da Serra dos órgãos. O nome do lugar dispensa comentários, já que qualquer um que o veja dirá que se assemelha a um enorme dedo apontando para os céus.
Esse magnífico monumento natural tem 1 692 metros de altura e é um destino popular entre montanhistas e aventureiros em geral que buscam lembranças e emoções fortes!

Esta beleza natural encontra-se entre as cidades de Petrópolis, Teresópolis e Guapimirim.












Parque nacional dos Lençóis maranhenses, Maranhão


Uma das grandes maravilhas nacionais, os lençóis maranhenses são quilômetros e quilômetros de areia de uma alvura incrível pontilhados por milhares de lagoas que podem ser pequeninas de água azul turquesa ou grandes lagoas de água esverdeada, embora extremamente limpa e doce. É considerado por muitos um dos destinos mais lindos e incríveis do nosso território.

Os lençóis maranhenses estão próximos da cidade de Barreirinhas, que é o ponto de partida e também um importante centro turístico da região. 

No parque nacional é possível escalar enormes dunas de até 40 metros de altura e nadar com peixinhos nas lagoas, além de poder observar a desova de tartarugas marinhas de diferentes espécies e o nascimento das tartaruguinhas.








Fernando de Noronha, Pernambuco


O arquipélago de Fernando de Noronha é de longe o mais belo conjunto de ilhas brasileiras. São 21 ilhas, ilhotas e rochedos que erguem-se do leito oceânico formados por ação vulcânica milhões de anos atrás. Sua distância da capital pernambucana é de 545 Km.

Atualmente Fernando de Noronha é um dos grandes destinos turísticos do Brasil. Os turistas são atraídos pelas lindas águas cristalinas que rodeiam as ilhas; pelos grupos de golfinhos rotadores que se reúnem diariamente na Baía dos Golfinhos; pela diversidade de espécies endêmicas de plantas e animais e pelos vibrantes recifes de coral que abrigam centenas de espécies de peixes, moluscos, crustáceos, tartarugas e mamíferos marinhos.













Chapada Diamantina, Bahia

Essa incrível região de serras fica dentro do parque nacional de mesmo nome é o berço de vários rios e nascentes de águas cristalinas que brotam do subsolo. O potencial turístico dessa região é incrível, embora ainda pouco explorado. 
As montanhas mais altas do Nordeste brasileiro estão na Chapada Diamantina, cada uma variando entre 1900 e 2000 metros de altura, sendo:
  1. Pico do Barbado - 2 033 metros de altura
  2. Pico do Atobira - 1 970 metros de altura
  3. Pico das almas - 1 958 metros de altura
Na região existem vários pontos de interesse como a cachoeira da fumaça e seus 380 metros de uma queda livre e de tirar o fôlego; o poço encantado com suas águas subterrâneas cristalinas e incrivelmente limpas e um lugar chamado Capão das voltas, onde há uma antiga igreja católica visitada por turistas e habitantes locais que apreciam a majestosa paisagem.










Cataratas do iguaçu, Brasil - Argentina



As cataratas do iguaçu são o nosso destino final e um dos mais belos destinos turísticos do mundo, sendo que já foram candidatas no ranking das sete maravilhas naturais do mundo.
Estas maravilhas naturais ficam na divisão entre a Argentina e o Brasil e ambos desenvolveram parques nacional durante os anos 30 para a preservação dos recursos hídricos locais, que mais tarde viriam a ser um destino popular entre brasileiros e estrangeiros.

O sistema de cataratas é formado por 275 quedas de água que variam consideravelmente em tamanho e em volume de água. Sendo a mais bela de todas elas a Garganta do diabo, uma grandiosa queda d'água de 80 metros de altura e 150 metros de largura.
Quando chega a época das chuvas as cataratas multiplicam por dez o seu poder e sua vazão de água, chegando a 11,3 mil metros cúbicos.


E aí, ficou com vontade de dar uma volta por algum desses lugares? O que está esperando? Vá e descubra esse nosso brasilzão!


quinta-feira, 21 de maio de 2015


Caranguejo ladrão de coco

Um titã das ilhas



  • Nome científico - Birgus latro
  • Gênero - Birgus
  • Família - Coenobitidae
  • Ordem - Decapoda

Imagine passar umas lindas férias em um paraíso tropical no Pacífico, quinze dias em Vanuatu por exemplo, e certa noite você sai para caminhar ao longo da praia e então se depara com um ser de aparência alienígena movendo-se de maneira desajeitada no solo carregando algo que parece ser um peixe. Você se aproxima e grita ao observar um caranguejo enorme, maior que tudo o que você já tenha visto e então outros aparecem no meio das palmas caídas no solo e você então corre assutado(a) de volta para o hotel ou resort. Essa é uma cena que acreditem ou não, acontece bastante ao redor de ilhas no Oceano Pacífico e Índico.

O caranguejo ladrão de coco é um crustáceo de aparência assustadora que habita quase todas as ilhas e atóis do Oceano Pacífico e boa parte das ilhas do Índico, onde é o senhor indiscutível destas, sendo o maior predador, lixeiro e herbívoro de alguns locais.

Os caranguejos ladrões são os maiores invertebrados terrestres do mundo ainda vivos, podendo pesar até 5 Kg e cerca de 1 metro de uma ponta a outra das patas abertas. E por mais incrível que pareça, esse gigante é um parente muito próximo dos famosos caranguejos eremitas, que vivem dentro de conchas de moluscos que geralmente são roubadas ou encontradas pelo fundo marinho. Este no entanto adaptou-se à vida em terra, mostrando um grande número destas adaptações. Na verdade ele se adaptou de tal forma que um simples mergulho no mar pode ser fatal!

Anatomia e biologia

Esses titãs das ilhas são animais projetados para viver em terra. Possuem uma carapaça extremamente dura, ideal para protegê-los dos golpes e quedas além dos seus predadores, possuem 10 patas no total, sendo que o primeiro par de patas modificou-se tornando-se o temido par de quelas, os quais eles utilizam para a defesa, luta, alimentação, para agarrar-se em troncos e para escavar as tocas. A quela esquerda é muito maior e mais desenvolvida que a direita. Mais atrás estão as patas que ele utiliza para caminhar e escalar, que são dois pares mais longos e fortes; logo depois está o par que eles utilizam para agarrar as conchas quando são menores e dependem delas para sobreviver e o último par subdesenvolvido serve para o acasalamento nos machos e para segurar os ovos, nas fêmeas.
Outra característica interessante sobre esses animais é que sua coloração costumar variar de acordo com os locais onde vivem. Por exemplo, os caranguejos das ilhas Seychelles no Índico são de coloração avermelhada em mais de 90% dos casos. Em regiões do Pacífico eles são de uma coloração levemente arroxeada ou azulada, como é comum na maioria das populações.

Quando são jovens, estes caranguejos costumam roubar conchas de moluscos ou de outros caranguejos, pois sua parte posterior é mole como ocorre com os caranguejos ermitões. Por vezes eles recorrem aos cocos quebrados ou qualquer outro material com uma cavidade para a sua proteção e assim como todos os crustáceos, eles precisam periodicamente trocar de exoesqueleto para crescer, para isso escavam tocas de até um metro ou mais de profundidade e lá permanecem por aproximadamente 3 semanas ou mais e então após a ecdise, passam mais uma ou quatro semanas dependendo do seu tamanho dentro da toca, pois o novo exoesqueleto ainda é frágil e pode ser facilmente danificado.

Quando larvas eles ficam no mar por várias semanas, mas quando adultos são incapazes de nadar e se mantidos sob a água por mais de uma hora morrem afogados, pois eles respiram o ar atmosférico.
O caranguejo ladrão respira por meio de um pulmão branquiostegal, que é um intermédio entre os pulmões e branquias, sendo a característica evolutiva mais importante desse animal ao colonizar os ambientes terrestres. A estrutura desse pulmão é de um tecido similar ao encontrado nas branquias, mas ao invés de absorver o oxigênio diluído na água, ele absorve o oxigênio atmosférico que nós respiramos. Mas isso não quer dizer que eles sejam completamente independentes da água, pois seu último par de patas é utilizado como uma brocha para umedecer as estruturas respiratórias que encontram-se logo na parte posterior do corpo... Ou seja, embora mestres da terra, precisam de água para respirar. Em ambientes secos e sem água, eles morrem. Eles também bebem água constantemente, mas não chegam aos rios, e sim em pequenas poças de água no solo da floresta.

Embora vivam em terra, ainda estão ligados ao mar para a reprodução. Sendo assim eles migram para o mar no período compreendido entre Junho e finais de Agosto. As fêmeas carregadas de ovos protegidos pelo abdome chegam até as praias e esperam pelas ondas e então sacodem o abdome, liberando assim os ovos que se desenvolverão no mar por um período entre 3 semanas até pouco mais de um mês. Após esse período, deixam o mar e perdem a capacidade de respirar dentro da água e procuram por conchas para se abrigar.
E então, se tiverem sorte de parar em ilhas isoladas e desabitadas, viverão vidas muito tranquilas em florestas por até mais de 60 anos.


Esses caranguejos possuem hábitos alimentares variados e comem de tudo. Desde frutas, nozes, folhas, flores, raízes, carniça, animais vivos, lixo e como sugere o nome: Cocos. 
O ladrão de cocos se alimenta de cocos e essa dieta é possível somente por conta do grande tamanho de suas quelas, capazes de arrancar a mão de um humano adulto. Eles primeiro sobem nos coqueiros e então escolhem um coco maduro e lá do alto atiram sua presa, eles então descem das árvores da mesma forma. Eles então arrastam os cocos para um lugar longe de competição e começam a forçar a casca, retirando as camadas superiores e sem valor para eles e então abrindo a noz, num processo que pode durar horas.

Outros itens alimentares são filhotes de tartarugas, caranguejos das espécies Geocarcoidea natalis e Discoplax hirtipes, peixes mortos, frutas macias como a Ochrosia ackeringae, Arenga listeri, Pandanus elatus, Pandanus christmatensis e os frutos da jacama, uma árvore introduzida em muitas ilhas do Pacífico e Índico. Mas eles possuem um lado sombrio. Já foram vistos alguns desses caranguejos atacando e matando ratazanas, filhotes de gato e filhotes de cães, especialmente nas regiões isoladas ou em vilas dentro do habitat desses seres.
Lixo também entra no cardápio, em especial carniça e restos de comida humana e até ração de animais domésticos.


Quer saber o mais sombrio?
Alguns pesquisadores concluíram que eles são lixeiros importantes, mas esses hábitos de lixeiros deram a fama de comedores de gente aos caranguejos ladrões, mas não humanos vivos e sim cadáveres.
Em algumas localidades no Pacífico como Vanuatu, Salomão e Nova Guiné, estes animais costumam atacar as tumbas ou fossas onde são depositados os mortos e devorar os defuntos. Sabe-se também que eles são os responsáveis por eliminar os cadáveres das praias, pois em uma busca pelos atóis do pacífico foram encontrados ossos humanos em tocas destes caranguejos e alguns desses ossos podem ser da famosa aviadora Amelia Earhart, que desapareceu em um voo através do Pacífico nos anos 30.

sexta-feira, 15 de maio de 2015


Pequenos dragões

Dragão voador de cinco bandas


  •  Nome científico - Draco quinquefasciatus
  • Gênero - Draco
  • Família - Agamidae
  • Ordem - Squamata

O nome dragão não seria muito bem apropriado para esta pequena criatura. O dragão voador de cinco bandas é um pequenino lagarto arborícola encontrado nas matas tropicais e florestas fechadas da Malásia, Singapura, Bornéu, Sumatra, Tailândia e Java provavelmente.
Eles são interessantes por apresentarem um porte muito pequeno, cerca de 10 centímetros e são relativamente achatados, o que é uma excelente adaptação ao meio em que vivem e da forma como se locomovem: Planando!
Sim, estes pequenos dragões podem planar por curtas distâncias de uma árvore para outra, pois é a forma mais fácil de caçar em uma floresta cujas árvores chegam aos 50 metros de altura facilmente e então, aproveitando-se das distâncias curtas entre uma e outra árvore e as correntes de vento nas partes superiores das florestas, eles se atiram e caem sem danos sobre o tronco da árvore vizinha.

Esta é uma tática empregada não somente na caça, mas também na fuga. As florestas do sudeste Asiático são cheias de predadores como mamíferos arborícolas, serpentes e aves que apreciam um lagartinho destes.

Suas adaptações são prolongamentos da pele que servem como pequenas asas quando ele resolve planar e logo atrás das patas traseiras, possuem um par de pequenos estabilizadores, que o ajudam a planar com maior eficiência e aproveitar mais as correntes de vento.

São insetívoros e se alimentam de insetos diversos e aranhas, quando conseguem capturá-las.

Casuar de Bennett


  • Nome científico - Casuarius bennetti
  • Gênero - Casuarius
  • Família - Casuariidae
  • Ordem - Casuariiformes


Entre as três espécies existentes de casuar, a menor é o casuar de Bennett chamado também de casuar anão.
Seu epíteto específico é uma homenagem ao naturalista australiano George Bennett, que foi o primeiro a analisar espécimes destas aves trazidas desde a Papua até a Austrália.

O casuar anão é uma ave incapaz de voar que habita as florestas tropicais e subtropicais das terras altas da ilha da Nova Guiné. Seu habitat é ainda desconhecido por muitos dos cientistas e pesquisadores ocidentais e estima-se que ainda exista uma enorme variedade de seres vivos desconhecidos, visto que as florestas de montanha da Nova Guiné são muitas vezes impenetráveis, arriscadas e muito úmidas. Algumas populações são conhecidas também das ilhas de Yapen e Nova Bretanha, embora estas duas ilhas, segundo o que se acredita, foram povoadas pelos casuares anões quando os primeiros colonizadores papuásios os trouxeram da ilha principal para servir de alimento. 


Quanto ao casuar anão, ele passa a maior parte do seu tempo vagando pelas florestas, ciscando o solo e desenterrando minhocas e catando frutas selvagens diversas para comer. Sabe-se que casuares são grandes dispersores de sementes de árvores frutíferas e de certa forma ajudam as florestas ao defecar as sementes inteiras, que mais tarde irão germinar. 
O casuar anão é uma ave solitária durante todo o ano, formando pares somente durante a época de reprodução.
Os ovos desta ave são de uma coloração esverdeada e uma fêmea deposita entre 3 e 5 ovos.

Os casuares anões medem entre 99 e 150 centímetros de altura e seu peso gira em torno de 26 Kg. Sua plumagem negra é bastante espessa e o protege da imensa umidade da floresta de montanha. 
Os pés são grandes e os dedos terminam em unhas alongadas e muito fortes, afiadas como adagas que são utilizadas na defesa. Humanos e cães já foram mortos supostamente por esta espécie. Os ataques não são deliberados, são geralmente provocados quando o animal está defendendo sua prole, a si mesmo ou quando seu território é invadido.


Embora seu habitat e sua biologia sejam muito pouco conhecidos, ambos enfrentam uma séria ameaça, especialmente as populações da parte ocidental da Nova Guiné, pertencente à Indonésia, onde tem-se observado a devastação grandes áreas de floresta nativa virgem para a plantação de palmeiras do dendê, mineração e pela caça ilegal. 


O perigo mora nas conchas

Conus, os caramujos peçonhentos 




Nas águas rasas dos recifes de corais, poças de maré e regiões litorâneas ao redor do Oceano Pacífico e Índico vivem lindos e pequeninos caramujos marinhos carnívoros cujas conchas são extremamente atrativas e apresentam lindos desenhos geométricos, faixas e linhas irregulares, suas próprias conchas apresentam uma forma geométrica semelhante a um cone, daí o nome do gênero. Esses são os caramujos do gênero conus, que contam com aproximadamente 600 espécies conhecidas e são conhecidos desde o período Eoceno.

Arpão de veneno de um Conus sp.
Estes lindos caramujos possuem a capacidade de picar presas e ameaças por meio de uma longa probóscide rosada que porta dentro de si uma rádula modificada ou dente hipodérmico em cuja a parte posterior está uma glândula de veneno. Esta probóscide fica à mostra quando o caramujo vai se alimentar. Ele captura suas presas, que podem variar entre outros caramujos, caranguejos, peixes, polvos pequenos e outros animais, aproximando esta tromba lentamente de maneira quase imperceptível das presas e então dispara o seu "arpão" carregado de veneno, que paralisa quase imediatamente sua presa. Um caramujo pode ter até 20 destes arpões em diferentes estágios de desenvolvimento, uma vez que cada vez que um é utilizado este é descartado e ele precisa recarregar cada vez que ataca.

Esta tromba é alongada o suficiente para atingir a parte traseira do animal, sendo assim colecionadores de conchas e crianças são vítimas comuns deste animal traiçoeiro e belo. A picada é dolorosa assim como a picada de uma abelha, mas apenas algumas espécies em geral as maiores, possuem veneno com a potência suficiente para matar humanos. A maioria causa uma dor severa ou tonturas e até mesmo efeitos relaxantes.

Os caramujos deste gênero são predadores por emboscada e ocasionalmente caçam ativamente suas presas. São destemidos e vagam pelos recifes sem medo de serem capturados por predadores, pois seu veneno os protege. Sua principal estratégia de caça é repousar enterrado na areia ou lama e esperar por alguma presa que passe. 
Quando esta se aproxima ele estende sua probóscide até a vítima e ataca. O efeito é imediato e a vítima é então puxada para a boca do animal que se alarga para que a presa caiba. Esta é então engolida em poucos segundos e então o caramujo fecha-se em sua concha para digerir seu alimento.

O veneno 


Diferenças entre as quantidades de veneno. Esquerda - Predação, direita - Defesa

O veneno de um caramujo do gênero Conus é uma mistura potente de peptídeos e age da seguinte maneira: Segundos após a picada, o sistema nervoso é logo afetado, por meio do bloqueio dos canais iônicos pelas chamadas Conotoxinas e com esse bloqueio o tráfego de sinais cessa e isso causa uma paralisia. A paralisia é uma maneira de o caracol se alimentar, pois os efeito excitotóxicos fazem com que todos os músculos fiquem rígidos de uma única vez. A paralisia flácida deixa o corpo completamente relaxado, mas inerte. Em seguida ocorrem as paradas respiratórias e por fim a parada cardíaca. Que pode causar a morte em alguns minutos, dependendo da potência e quantidade de veneno injetado.
Quando esses acidentes ocorrem debaixo da água, o risco maior é o afogamento.

Antídotos

Caso você chegue a perguntar "o veneno tem antídoto?", Não. O veneno desses caramujos não possui um antídoto conhecido, mas existem pesquisas sobre este tópico e sabe-se que o veneno destes caramujos pode ser tanto benéfico quanto maléfico, visto que são raros os acidentes fatais envolvendo estes seres.

Principais espécies

Os caramujos desse gênero, como já foi deito antes são variadíssimos em espécies, mas mostraremos aqui algumas das principais espécies. Sendo estas as mais perigosas cujo contato deve ser evitado a todo custo.

Conus aulicus
Linnaeus, 1758

Origem: Recifes de coral da Austrália e ilhas do Oceano índico.















Conus geographus
Linnaeus, 1758

A mais perigosa de todas as espécies, habita o Mar Vermelho, Oceano Índico e partes do Pacífico até o Japão.










Conus textile
Linnaeus, 1758

Origem: Mar vermelho, Costa da África Oriental, ilhas do Oceano Índico, Austrália, Nova Zelândia, Hawaii e Polinésia Francesa.












quinta-feira, 14 de maio de 2015


Stomatopoda

Maravilhosos terrores dos recifes e pérolas da evolução









O nome stomatopoda talvez seja desconhecido para a maioria das pessoas, mas para os admiradores da natureza, cientistas, biólogos e aquaristas, este nome é bem familiar e por estes são chamados de camarões boxeadores ou lagostas boxeadoras. Outros nomes incluem camarão louva-a-deus, rasga dedos, tamarutaca, etc.
Os crustáceos da ordem Stomatopoda são fascinantes animais habitantes das águas rasas tropicais ou subtropicais do mundo, sendo que a maioria habita os recifes de coral, praias e bancos arenosos, manguezais e regiões de recifes mais profundos nos mares. Outras espécies são encontradas nas águas subtropicais ou temperadas do hemisfério Norte e Sul e são representados por aproximadamente 450 espécies, as quais podem variar entre meros 10 centímetros até 45 centímetros de comprimento, sendo estas as espécies mais perigosas para o homem, pois um golpe pode causar um sangramento terrível e uma dor insuportável.


As tamarutacas são em geral carnívoras e se alimentam de uma grande variedade de seres marinhos. Vivem em tocas no leito marinho, em buracos entre as rochas e corais e tocas roubadas de outros animais, que costumam ser outras tamarutacas ou de caranguejos, peixes ou moluscos como polvos. Algumas espécies preferem a proteção das raízes dos manguezais, enquanto que outras preferem os bancos de areia no fundo marinho e águas muito rasas com menos de um metro de profundidade, onde escavam tocas muito profundas com complexos e longos sistemas de galerias, as quais armazenam água durante as vazantes das marés.
São também seres bastante longevos, podendo atingir até 20 anos já observados em algumas espécies.


Gonodactylus glabrous
As tamarutacas são bastante conhecidas também pelas suas lindas cores vibrantes e padrões cromáticos. Algumas espécies possuem verdadeiros arco-íris sobre seus exoesqueletos. Uma boa parte costuma apresentar tons fracos como marrom, cinza ou cores semelhantes, enquanto que outras espécies apresentam cores vivas como laranjas, amarelos, verdes, vermelhos, e mesclas de vária tonalidades como a tamarutaca pavão Odontodactylus scyllarus, que habita os recifes de coral das Filipinas e Regiões circundantes.

São apesar de sua aparência exótica e rara, bastante comuns, mas muito de sua biologia ainda é desconhecida pela ciência e só alguns poucos mistérios foram desvendados sobre estas fantásticas criaturas, embora as tamarutacas sejam antigos conhecidos da humanidade, pois os assírios, papuásios, pescadores africanos e aborígines australianos já as conhecessem e em seu tempo tivessem seus nomes próprios.


Ecologia, comportamento e alimentação

As tamarutacas são em geral criaturas bastante ativas durante o dia, embora algumas espécies possuam hábitos crepusculares ou noturnos, a grande maioria das espécies mantém-se ativas desde as primeiras horas da manhã até o pôr do sol. São criaturas muito ativas, mantendo uma vigia constante na entrada das tocas, as quais mantém em constante reforma, tirando bocados de areia ou conchas com suas patas dianteiras e limpando a mesma com um movimento rápido e contínuo dos pleópodes, que são estruturas semelhantes a nadadeiras que auxiliam na locomoção do animal. São animais pouco sociáveis, agressivos e com certa frequência são bastante violentos entre si e com outros animais. Eles raramente deixam suas tocas para se aventurar no mundo exterior, e se o fazem é para buscar um parceiro, enxotar intrusos ou capturar uma presa. Existem muito poucas espécies conhecidas por caçar suas vítimas ativamente.


Gonodactylus smithii na entrada de sua toca

No que diz respeito ao comportamento destas feras dos recifes, pode-se dizer que são seres muito agressivos e territoriais, não toleram a presença de qualquer animal próximo às suas tocas e se o fazem é por um tempo muito limitado. Peixes, caranguejos, polvos, ouriços dor mar, estrelas do mar, holotúrias e outras tamarutacas são imediatamente expulsas, mesmo que sejam apenas inocentes transeuntes. Geralmente investem com seu corpo e com velocidade sobre os intrusos, afastando-os ao assustá-los, mas outras vezes recorrem à violência, dando lhes golpes com as patas dianteiras modificadas e atordoando a estes.
Sua alimentação é majoritariamente carnívora, atacam e comem peixes, crustáceos, moluscos e qualquer outra classe de criaturas que possam capturar e matar. Para tanto a evolução lhes deu armas mortais as quais já falaremos. Estas armas mortais são patas modificadas na dianteira que servem para golpear as vítimas. Mas nem sempre as vítimas são golpeadas, pois por vezes são empaladas vivas e morrem em seguida. Estas patas evoluíram para a caça e são utilizadas para romper conchas e carapaças de animais como caramujos, caranguejos e mariscos.

Algumas espécies como o G. smithii apresentam ocelos nas estruturas modificadas para atacar, que servem como chamarizes para peixes e moluscos, especialmente para as lulas. Uma engenhosa tática de caça empregada por várias outras espécies.


Odontodactylus scyllarus fêmea com ovos
A reprodução destes animais é um drama, pois os machos que desejam cortejar as fêmeas correm sérios riscos de serem mortos e devorados por suas dulcineias. Os machos das maiores espécies se aproximam com muita cautela das fêmeas e esperam para que esta se torne receptiva, eles costumam mostrar suas escamas laterias, estruturas que portam padrões e cores, como um tipo de linguagem visual e então entra de vez na toca. O acasalamento dura poucos minutos ou segundos e logo após a cópula o macho deve fugir pela entrada da toca ou por um dos dutos secundários das tocas das fêmeas rapidamente, caso contrário será devorado. Após a cópula a fêmea cuidará dos ovos por algum tempo, mantendo-os limpos e livres de parasitas, e só então são liberados nas correntes. 


Anatomia

Télson de uma tamarutaca
A tamarutaca apresenta uma anatomia comparável ao que vemos em camarões e lagostas. Possuem uma carapaça grande e muito dura que serve para proteger a cabeça e as primeiras articulações do abdome, logo apresenta na parte posterior uma parte segmentada coberta por duras placas de quitina e ao final apresenta uma nadadeira característica dos crustáceos, o télson, que nestes animais possui uma finalidade á mais do que somente ajudar na locomoção.
A carapaça que protege a cabeça, órgãos vitais e patas e membros mais frágeis é dura e muito resistente aos golpes de outras tamarutacas, especialmente nos indivíduos mais velhos, mas eles se tornam vulneráveis durante a ecdise, ou troca de pele, quando tornam-se moles e incapazes de se alimentar por algum tempo.


Luta e posição de defesa de uma tamarutaca
Os segmentos do abdome e o télson servem para o seguinte propósito: Quando estão prontos para uma disputa, uma tamarutaca enrola-se como se fosse uma pequena bola com carapaça e mostra o télson não como uma tentativa de amedrontar o oponente, mas como um escudo contra um possível golpe e então golpeia o inimigo. Se a luta não funcionar, um dos oponentes foge evitando algum dano sério. 
Eles se utilizam desta mesta tática após serem atingidos por um golpe, encolhendo-se e mantendo as partes frágeis e apêndices sob a proteção do télson e esse "estado de choque" dura por apenas alguns segundos, logo após se recuperar, o atacado foge.

Vamos conhecer algumas das principais partes do corpo deste animal.

Apêndices raptoriais ou garras - Os apêndices raptoriais ou garras como são chamados comumente são na verdade as armas da tamarutaca. São as estruturas mais notórias e conhecidas destes seres e são divididas em duas categorias distintas: Lanças e clavas.

Lysiosquillina maculata, um Spearer capturando uma presa
As lanças, cujos donos são categorizados como spearers estão presentes em diversas espécies de tamarutacas e possuem a característica principal de apresentarem estruturas semelhantes a dentes ou espinhos afiados na parte interna, assim como as patas dianteiras do louva-a-deus. Estas lanças ou arpões servem para capturar as vítimas sem deixá-las escapar e as espécies que apresentam tais estruturas se alimentam especialmente de animais de pele escorregadia como peixes e moluscos principalmente. Nas maiores espécies como a Lysiosquillina maculata, a lança pode chegar a 8 centímetros de comprimento e ter até 13 afiados espinhos.

As clavas, cujos donos são categorizados como smashers são o grupo mais conhecido de tamarutacas. Seus apêndices raptoriais são adaptados para bater e quebrar coisas duras como conchas. Os smashers apresentam uma estrutura semelhante a uma clava com uma ponta extremamente afiada chamada dactilo, que serve para perfurar as vítimas e abrir conchas ou cascas duras.

Estruturas raptoriais das tamarutacas. Spearer à esquerda e Smasher à direita.


















As smashers são estruturas consideradas brutais e os donos destes apêndices tendem a ser os camarões mais temidos dos recifes, por exemplo o Odontodactylus scyllarus, que é portador do título de mais rápido golpe do reino animal, com uma velocidade de aproximadamente 720 Km/h, ou seja, um pouco menos que a velocidade de aceleração de um tiro de calibre .22, além de o golpe possuir uma força descomunal de 60 Kg/cm². Um poderio indubitavelmente respeitável, que pode causar um dano considerável em um humano e morte imediata em presas de pequeno tamanho.

Ocelos - Os ocelos são estruturas localizadas nos apêndices raptoriais e possuem desenhos e cores vibrantes que se destacam, com rápidos movimentos uma tamarutaca pode atrair vítimas com uma visão aguçada como um peixe ou lula. Geralmente o ocelo é a última coisa que um animal verá durante o encontro com uma tamarutaca.

Escama lateral - A escama lateral é uma estrutura presente logo abaixo dos olhos e acima dos apêndices raptoriais. Servem como placas de distinção e identificação de espécies, além de uma clara forma de comunicação visual e gestual entre estes animais. Estas estruturas semelhantes a barbatanas apresentam uma característica incomum e extremamente interessante.
Por meio de câmeras especiais, descobriu-se que estas estruturas são capazes de refletir luz polarizada ambiente como uma forma de comunicação entre membros de uma mesma espécie sem serem vistos por predadores.



Olhos - Provavelmente são a mais fantástica característica destes seres. Os olhos destas criaturas, até o que se sabe são os mais complexos do reino animal... Sendo tão complexos e avançados quanto os olhos dos polvos e lulas, mais avançados até que os nossos. O seu sistema óptico segundo o que foi descoberto em pesquisas é desconhecido em qualquer outra espécie animal. Podemos dizer que estas criaturas apresentam um tipo de super visão, mas como é possível?


Primeiramente, os olhos destas criaturas possuem filtros naturais especiais que são muito sensíveis à Luz Circularmente Polarizada, algo que nossos olhos identificam como uma névoa ou mancha, e os molhos das tamarutacas possuem a capacidade de transformar a LCP em comprimentos de luz linear. Só para que tenhamos uma ideia de quão avançados são os olhos destes seres, apenas algumas câmeras especiais possuem esta capacidade de percepção. As tamarutacas já possuíam esta característica com uma vantagem de aproximadamente 400 milhões anos de uma contínua evolução.

Ainda mais incrível é que o corpo dos machos é um refletor natural de LCP, sendo assim ele se utiliza desse painel natural que é o seu exoesqueleto para comunicar-se com as fêmeas por linguagem visual e corporal e por mais incrível que possa parecer, é que os predadores como peixes e polvos não são capazes de ver estas demonstrações luminosas, pois seus olhos, diferentemente dos olhos das tamarutacas não podem detectar a LCP.
Os lindos e brilhantes olhos das tamarutacas são compostos, como os olhos das moscas e são compostos por milhares de pequeninos omatídeos, que suportam células de pigmento, células fotorreceptoras e células suporte. Nas diferentes espécies das famílias Gonodactylidae e Lysiosquillidae, a parte central os olhos possui seis fileiras de omatídeos modificados chamada banda central, e é onde acontece a mágica dos olhos desses seres.

Os olhos das tamarutacas possuem 16 diferentes fotorreceptores, são sensíveis aos raios UV e possuem também 10 diferentes pigmentos sensíveis aos diferentes comprimentos de onda luminosa, sendo que eles são capazes de enxergar inclusive infravermelho! 

A imagem abaixo mostra a comparação entre a capacidade visual de uma tamarutaca e a limitada capacidade visual humana.






























Tais adaptações ao longo da evolução destas criaturas e qual a necessidade destas criaturas de enxergar tão bem o mundo à sua volta intriga os cientistas e deixa dúvidas, mas os cientistas tem algumas pistas sobre os usos destas capacidades visuais, que vão além da camuflagem e comunicação silenciosa e invisível entre membros de uma mesma espécie. 
Algumas das presas favoritas das tamarutacas do Pacífico são camarões pequeninos e quase invisíveis, chamados camarões de areia e os camarões de vidro, cujos corpos translúcidos são extremamente difíceis de observar contra a luz e ainda mais difíceis de ver debaixo da água, mas eles tem um tendão de Aquiles, pois seus corpos são cobertos por açúcares que refletem a luz polarizada, tornando-se alvos fáceis para as tamarutacas.

Como se tudo isso não bastasse, os olhos das tamarutacas podem mover-se independentemente uns dos outros como os olhos de um camaleão, dando-lhes uma vantagem sobre os predadores, pois enquanto ela vigia um lado, o outro olho busca por comida. Uma visão de praticamente 360°.


Lysiosquillina glabriuscula


Outro fato que chamou a atenção dos pesquisadores de uma universidade estado-unidense em 2008 foi a capacidade de fluorescência destes animais. A fluorescência é a capacidade de um animal de absorver uma luz de uma determinada cor e transmiti-la em outra diferente. A espécie em questão foi um exemplar de Lysiosquillina glabriuscula, que possui manchas amarelas em sua carapaça e abdome e é capaz de fazer com que estas manchas amareladas fluoresçam a 30 metros de profundidade no mar, sendo que a tal profundidade a cor amarela torna-se indistinta e azulada.


Fonte - National Geographic, IUCN, Phys.org